O Deus que governa para Crianças #insta


“Deixe as criancinhas virem até a mim, porque é delas o governo dos céus” — diria, ou melhor, disse, Jesus.

    A primeira vista, do nosso ponto de vista ocidental, Jesus quis dizer que o governo de Deus é para os inocentes, fofos, puros, que merecem toda nossa atenção pela vida inocente e feliz que levam.
Bom, mas esse não é o olhar de alguém de Nazaré há dois mil anos atrás.
    A infância como vimos hoje é bastante recente. É recente pensar em um mundo infantil, totalmente separado dos adultos, mundo esse de pessoas que precisam e merecem todo nosso cuidado, precisam e merecem direitos primordiais.
    Até um tempo recente, criança ainda não era se quer vista como uma pessoa de direitos. Ela estava em um estado de "não-ser", desenvolvendo aos poucos sua pessoalidade perante a sociedade — com sorte, ela chega na pré-adolescência forte e digna de continuar seguir sua vida e começar a ter direitos. Caso não chegue lá, pouco importava.
    No próprio Brasil, realidade próxima a nossa, a mortalidade infantil era de 25% décadas atrás. Uma criança a cada quatro morriam com poucos anos, e até então, era "normal".
Bom, isso é de um passado recente. Imagine há dois mil anos.
    Na Grécia e Roma, as crianças eram tidas como "inoperantes", incapazes, e por isso, sem direitos e marginalizadas na sociedade. Os pais tinham direito sobre os filhos, ao ponto de espancar e tudo bem, é propriedade deles. É nesse contexto que Jesus diz: vinde a mim as criancinhas.

    O governo de Deus não pertence a alguém que acha que merece alguma coisa. Dar voz a quem não tem voz, abraçar quem não é abraçado, presentear quem não é presenteado, acolher quem não é acolhido. Jesus trouxe uma mensagem para aquele que a vida importa menos, não para aquele que acha que é puro, inocente e merecedor — não é assim que era visto as crianças, os samaritanos, as mulheres.
    É para aquele que não tem nenhum passado digno de alguma coisa, para aquele que tem um futuro incerto, para aquele que é nada. É o nada, é o vazio, é o "não-ser", que Deus preenche com plenitude e governa com amor.

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